The Perfectionist tem como origem a observação de uma ação do quotidiano por parte do artista. Na sua estadia em Praga deu conta que um dos seus colegas com quem partilhava o apartamento, depois do jantar, descascava sempre uma tangerina de uma forma peculiar e pouco usual: sem deixar a casca se partir, resultando sempre na criação de uma linha contínua e em espiral. O resultado da ação era certamente curioso, mas o que mais atraiu foi a experiência de ver tal fenómeno. Tornava-se quase numa rotina, onde o olhar do artista se abstraia naquele momento de tudo o resto, onde captava e ficava concentrado naquela ação do quotidiano na expectativa de que algo fosse acontecer: ora a casca eventualmente se partir, ora que a pessoa conseguisse finalizar a atividade com todo o seu preciosismo e perfecionismo. Foi da convivência do dia a dia, que a ideia para a ação performativa surgiu. Nesta, a figura surge sentada frente a uma mesa e tal como na hora do jantar descasca tangerinas sem as partir, em perfeitas cascas em caracol, numa contínua repetição do gesto. A ação continuaria quase de forma mecanizada até surgir a falha, a quebra da casca laranja. Trata-se de criar uma expectativa de falhar, de transportar uma ação para o campo da metáfora das vivências do dia a dia.